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Como o luto pode se confundir com depressão e como diferenciar

Perder alguém querido é uma das experiências mais dolorosas da vida. É natural que o luto venha acompanhado de tristeza, apatia, dificuldade de concentração e alterações no sono e no apetite — sintomas que também aparecem na depressão.
Por isso, muitas pessoas (e até profissionais) têm dificuldade em distinguir onde termina o luto saudável e onde começa um quadro depressivo que exige intervenção psiquiátrica.

 

O que é o luto?

O luto é uma resposta emocional e psicológica normal diante de uma perda significativa — seja a morte de uma pessoa, o fim de um relacionamento ou até a perda de uma função ou papel social. Ele faz parte do processo de adaptação à ausência e envolve emoções intensas como tristeza, saudade, raiva e culpa.

Em geral, o luto tende a diminuir de intensidade com o tempo, e a pessoa consegue, pouco a pouco, reinvestir energia em novas relações e atividades, sem apagar a lembrança de quem se foi.

Sintomas comuns do luto:

  • Tristeza profunda, especialmente ao lembrar da perda
  • Choro frequente
  • Dificuldade de concentração
  • Alterações no sono e apetite
  • Isolamento temporário
  • Momentos de alívio e até de gratidão ou lembranças positivas

Essas reações são esperadas e fazem parte de um processo adaptativo — o cérebro e o coração tentando reorganizar a vida sem a presença de quem partiu.

 

O que é depressão?

Já a depressão é um transtorno mental caracterizado por alterações persistentes de humor, energia e prazer, que interferem de maneira significativa na funcionalidade da pessoa.
Diferente do luto, a depressão não depende de um evento específico e tende a se manter estável ou piorar com o tempo, se não for tratada.

Principais sintomas da depressão:

  • Humor deprimido quase todos os dias, durante pelo menos duas semanas
  • Perda de interesse ou prazer em atividades antes prazerosas
  • Sentimento de culpa ou inutilidade
  • Fadiga e falta de energia
  • Alterações significativas no sono e apetite
  • Pensamentos de morte ou suicídio

Enquanto o luto é um processo de adaptação à perda, a depressão é um estado patológico de desesperança que impede a pessoa de seguir em frente.

 

Quando o luto se transforma em depressão

Nem todo luto segue um curso previsível. Em algumas pessoas, o processo pode evoluir para um quadro depressivo — o que chamamos de luto complicado ou luto prolongado.

Isso acontece quando:

  • A dor da perda não diminui com o passar dos meses
  • Há sentimento persistente de vazio ou desesperança
  • A pessoa perde o interesse pela vida e pelas relações
  • Surgem pensamentos suicidas ou desejo de “reencontrar” quem partiu
  • Há prejuízo significativo na rotina e no autocuidado

Nesses casos, é fundamental buscar ajuda psiquiátrica e psicoterápica. O tratamento pode incluir psicoterapia focada no luto e, em alguns casos, o uso de medicação antidepressiva para restaurar o equilíbrio neuroquímico.

 

O papel do psiquiatra no processo de luto

O psiquiatra tem um papel essencial em avaliar a gravidade dos sintomas e distinguir o luto saudável de um transtorno depressivo. Além de identificar riscos de suicídio, o profissional pode orientar sobre:

  • Maneiras de expressar e elaborar o sofrimento
  • Estratégias de autocuidado e suporte social
  • Abordagens terapêuticas eficazes (como Terapia Cognitivo-Comportamental e Terapia do Luto Complicado)

Em alguns casos, o acompanhamento multidisciplinar com psicólogos, terapeutas e grupos de apoio é o caminho mais indicado.

 

Concluindo

O luto precisa de acolhimento, não de pressa. É uma ferida emocional que precisa de tempo, acolhimento e cuidado. Mas quando a tristeza se torna paralisante e o sentido da vida parece se perder, é hora de buscar ajuda.
Diferenciar o luto da depressão não é apenas uma questão diagnóstica — é uma forma de garantir que cada pessoa receba o suporte adequado para atravessar a dor e reencontrar o equilíbrio.

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